29.11.06
O espanta-espíritos
1.11.06
O Círculo
Visitar Evoramonte era algo que estava definitivamente fora dos meus planos. Eu já perdera a conta ao número de monumentos antigos que visitara naquelas férias e a não ser o facto de o castelo ter quase setecentos anos, nada mais havia ali que me pudesse interessar ou constituir motivo de novidade para mim. Assim pensava eu enquanto seguia pela estrada fora. Mas quando, ao longe, avistei-o no alto daquela colina, tão solitário e ao mesmo tempo tão senhor de si próprio, pensei comigo mesma que certamente não viria mal nenhum ao mundo se eu perdesse algum tempo naquelas paragens, nem que fossem apenas dois minutos para eu dar uma espreitadela. E assim fui, por descargo de consciência, sem esperar grandes surpresas daquela visita. Aliás, se havia algo que me pudesse verdadeiramente surpreender naquela tarde de verão era que o sol, de repente, resolvesse desaparecer dos céus e, com toda a pujança dos elementos, uma tempestade apocalíptica se abatesse violentamente contra aquela torre, ao ponto de não só corrermos o risco de nos tornarmos prisioneiros dela, como também de vermos correr por água abaixo todos os planos que fizéramos para aquela tarde.
Felizmente que as nuvens contrariavam os meus pensamentos, indicando não apenas que tão cedo não haveria chuva por ali, como também o juízo final ainda estava muito longe, pois o sol continuava a percorrer placidamente o seu caminho no firmamento, para a alegria dos turistas que por ali passavam e se admiravam com a imponência daquela construção. O sol, aliás, ainda brilhava alto, desafiando por todos os meios as grossas paredes de pedra da torre, cujas minúsculas janelas, numa atitude de permanente desafio, apenas deixavam entrar um fiapo de luz, como que a lembrar ao sol que lá fora mandava ele, mas dentro da torre era o reino da escuridão.
Subi então o escadório que dava acesso às várias salas do castelo. Fiquei desapontada ao verificar que as mesmas estavam vazias e, surpreendida comigo própria, perguntei-me por que razão estaria à espera de outra coisa. Tirei a câmara digital da bolsa e comecei a fotografar tudo. Colunas, paredes, escadas e janelas. De vez em quando, um ou outro turista. Era o melhor que podia fazer naquela altura. Lá fora, as nuvens passavam e o tempo também. Estava bem de se ver que não havia mais nada ali para fotografar. Fui-me embora depressa. Eu bem sabia que aquela visita não seria interessante ...
Foi então que, uma semana mais tarde, reparei no círculo. Aquilo que os meus olhos não haviam captado naquele dia, fora gravado pela câmara digital. Como um intruso que entra sem pedir licença, o círculo ficara impresso na minha fotografia. Procurei em vão encontrar uma explicação lógica para aquela presença. Sem sucesso. Efeito de luz ou defeito da câmara não explicavam aquela mancha de energia que, insistentemente, sobressaia na foto. Estava para esquecer o assunto. Não havia motivos para perder tempo com uma mancha fotográfica que, quando ampliada, mostrava graduações de textura e cor. Era óbvio que aquilo não passava de energia. Foi então que subitamente compreendi que, em todo aquele tempo em que estivera a fotografar no castelo, as salas nunca tinham estado vazias ...
1.9.06
Disarm

Moon and Yew Tree - Mike Ferraro
Disarm you with a smile
And cut you like you want me to
Cut that little child
Inside of me and such a part of you
Ooh, the years burn
I used to be a little boy
So old in my shoes
And what I choose is my choice
What's a boy supposed to do?
The killer in me is the killer in you
My love
I send this smile over to you
Disarm you with a smile
And leave you like they left me here
To wither in denial
The bitterness of one who's left alone
Ooh, the years burn
Ooh, the years burn, burn, burn
I used to be a little boy
So old in my shoes
And what I choose is my voice
What's a boy supposed to do?
The killer in me is the killer in you
My love
I send this smile over to you
The killer in me is the killer in you
Send this smile over to you
The killer in me is the killer in you
Send this smile over to you
The killer in me is the killer in you
Send this smile over to you
Disarm - Smashing Pumpkins
25.8.06
Reunião
Eu devia ter trazido a máquina fotográfica, mas por algum motivo que me escapa, esqueci-me completamente desse pormenor naquele dia. Nem sequer a papelada que juntara ao longo dos anos - fruto de horas de trabalho a escarafunchar livros antigos - eu me lembrara de trazer para a reunião. A data era importante. Iam estar pessoas mais velhas que conheciam pormenores da história familiar de que mais ninguém parecia recordar-se. Um deles era padre. Também ele, por um qualquer desígnio misterioso, ouvira falar da casa e ambicionara conhecê-la pessoalmente. A ocasião, no entanto, não podia ter sido pior. Ele chegara em pleno funeral de um parente distante, que só conheceria depois de morto. Mas a presença daquele padre ali, durante o funeral, surgido não se sabe bem de onde e reclamando laços familiares com o falecido, assumia aos olhos da família enlutada uma mensagem divina de esperança e fé num dos momentos mais sombrios da existência humana. E então marcou-se a reunião.
A bem dizer, eu não contava com grandes novidades da parte de nenhuma das pessoas que estavam ali. A maioria delas nunca se interessara muito pelo assunto e, para ser sincera, julguei até que quem iria gastar o latim todo naquela reunião era eu. Mas quando o convidado chegou e dirigiu-se para a eira, formou-se logo ali, à volta dele, uma rodinha e eu fiquei em segundo plano. E ele não perderia tempo a tentar lembrar-se daquilo que o avô lhe contara há muitas décadas atrás. Sim, foi ali na eira. Um crime ou um fuzilamento? A ideias baralhavam-se na sua cabeça.
- E sabe há quanto tempo foi? - alguém lhe perguntara.
- E foi aqui ou foi na casa? - perguntou outro.
Não sabia dizer quando. A história parecia ter corrido de geração em geração, porém, inexplicavelmente, ninguém do nosso lado tivera conhecimento dela. Mas que tinha sido na eira, isso estava fora de questão. Lembrava-se de um grupo. Seriam soldados? Várias tentativas e ninguém parecia acertar no alvo. Má pontaria ou má vontade dos atiradores? Era impossível determinar. Até que, por fim, alguém pôs um lençol no condenado e ouviu-se o tiro de misericórdia. Era tudo de que se lembrava. Lamentava-se não ter tentado saber mais quando ainda estavam vivos. "Ora essa. Porque haveria de pedir desculpas?", pensei eu.
A reunião continuou, mas já dentro de portas, com os comes e bebes do costume. Fui buscar a papelada. Era evidente que algo estava a faltar no meu trabalho. Se houve um crime ou fuzilamento, haveria que apurar as razões e as consequências do dito. Destrinçar onde começava a realidade e terminava o mito. Era evidente que tinha de partir para os arquivos novamente.
22.8.06
Évora
Templo de Diana
Estava a tirar umas fotos do Templo de Diana a partir de ângulos diferentes quando reparei numa construção que sobressaia mesmo ao lado.
Era de uma igreja, mas o que me chamou a atenção não foi a igreja em si, mas a imagem da pomba que aparece no alto da parede exterior. A pomba é o símbolo do Espírito Santo e não é muito comum aparecer na entrada das igrejas católicas, por isso mesmo fiquei ainda mais curiosa em saber o nome do templo. Afinal, trata-se da Igreja de São João Evangelista que é, nada mais nada menos, que o autor do Livro do Apocalipse ... O mesmo São João Evangelista que, segundo o famoso romancista Dan Brown, é retratado como uma figura feminina no quadro de Leonardo Da Vinci... Pena é que, para visitar a igreja, uma pessoa tenha de desembolsar 3,00 Euros! Ficou para uma próxima oportunidade tanto esta visita como uma ida à Basílica, que custa outros 3,00 Euros. Em 2000, não se pagava nada para entrar, mas como Portugal está de tanga, todo o dinheirinho que possa entrar nos cofres do Estado dá muito jeito, não é verdade? Mesmo que, para isso, se percam alguns turistas menos afortunados pelo Destino.
21.8.06
Crazy

Jornada Metafísica do Navegante da Mente - Joseph Cusimano
I remember when, I remember, I remember when I lost my mind
There was something so pleasant about that phase.
Even your emotions had an echo
In so much space
And when you're out there
Without care,
Yeah, I was out of touch
But it wasn't because I didn't know enough
I just knew too much
Does that make me crazy ?
Does that make me crazy ?
Does that make me crazy ?
Possibly
And I hope that you are having the time of your life
But think twice, that's my only advice
Come on now, who do you, who do you, who do you, who do you think you are,
Ha, ha, ha, bless your soul
You really think you're in control
Well, I think you're crazy
I think you're crazy
I think you're crazy
Just like me
My heroes had the heart to lose their lives out on a limb
And all I remember is thinking "I want to be like them"
Ever since I was little, ever since I was little it looked like fun
And it's no coincidence I've come
And I can die when I'm done
Maybe I'm crazy
Maybe you're crazy
Maybe we're crazy
Probably
Gnarls Barkley
28.7.06

"Quando tu entras baixam todas a vozes,
Ninguém te vê entrar,
Ninguém sabe quando entraste,
Senão de repente, vendo que tudo se recolhe,
Que tudo perde as arestas e as cores,
E que no alto céu ainda claramente azul
Já crescente nítido, ou círculo branco, ou mera luz nova que vem,
A lua começa a ser real."
Fernando Pessoa
18.7.06
Tomara que chova ...

Adoro dias assim, que anunciam chuva, ou mais propriamente, uma tempestade. É certo que dificilmente haverá um tornado, mas se houvesse, eu não me importava ...
14.7.06
Wishing (If I had a photograph of you)

It's not the way you look,
It's not the way that you smile.
Although there's something to them.
It's not the way you have your hair,
It's not that certain style;
It could be that with you.
If I had a photograph of you,
It's something to remind me.
I wouldn't spend my life just wishing.
It's not the make-up
And it's not the way that you dance,
It's not the evening sky.
It's more the way your eyes
are laughing as they glance
Across the great divide.
If I had a photograph of you,
It's something to remind me.
I wouldn't spend my life just wishing.
It's not the things you say
It's not the things you do
It must be something more
And if I feel this way for so long
Tell me is it all for nothing
Just don't walk out the door.
If I had a photograph of you,
It's something to remind me.
I wouldn't spend my life just wishing.
A Flock of Seagulls
23.6.06
The Lebanon

Líbano - Nabil Kanso
She dreams of nineteen sixty-nine
Before the soldiers came
The life was cheap on bread and wine
And sharing meant no shame
She is awakened by the screams
Of rockets flying from nearby
And scared she clings onto her dreams
To beat the fear that she might die
And who will have won
When the soldiers have gone
From the Lebanon
The Lebanon
Before he leaves the camp he stops
He scans the world outside
And where there used to be some shops
Is where the snipers sometimes hide
He left his home the week before
He thought he'd be like the police
But now he finds he is at war
"Weren't we supposed to keep the peace"
And who will have won
When the soldiers have gone
From the Lebanon
The Lebanon
The Lebanon
From the Lebanon
I must be dreaming
It can't be true
I must be dreaming
It can't be true
And who will have won
When the soldiers have gone?
From the Lebanon
The Lebanon
Human League
19.6.06
Um passeio pelo campo
P.S.: Estou bem disposta, daí o texto bucólico ...
13.6.06
Sonambulismo, epilepsia e outras crises ...

Desde sempre, convivi com pessoas que sofrem de epilepsia. Lembro-me que, quando era pequena, tinha medo do meu vizinho - apesar de ele ser boa pessoa - tudo porque ele sofria muitas vezes de fortes ataques epilépticos. Na altura, não compreendíamos a doença e as pessoas diziam que ele era louco. Eu achava estranho, porque um louco, para mim, na altura, era uma pessoa má - tipo cientista louco - mas aquele rapaz não aparentava nada ser aquilo. Mesmo assim, por via das dúvidas, evitava-o. Alguns dos ataques que ele sofria, deixavam-no verdadeiramente magoado, como daquela vez em que estava a subir a escadaria de sua casa e sofreu o ataque ali mesmo, a meio dos degraus. O baque foi tão forte que na altura julguei que tinha sido um pequeno sismo. Quando corri para fora e olhei para a casa ao lado, vi-o estendido no chão, com uma poça de sangue a sair da cabeça. Pensei que ele tinha morrido. É uma imagem que nunca mais me saiu da memória. Apesar da gravidade dos ferimentos, ele recuperou-se. Lembro-me de ter ficado alguns dias a pensar como é que os médicos teriam colado as partes do crânio ...
Anos mais tarde, já na adolescência, viria a descobrir que a minha melhor amiga da escola também sofria de epilepsia. O curioso é que só descobriria isso passados alguns anos, dado que me lembro apenas de uma única crise. Ela nunca contara nada a ninguém ...
Outras pessoas, porém, gostam de fazer alarde desse tipo de problemas, na tentativa de manipular aqueles que vivem à sua volta, como era o caso de uma senhora que costumava ter crises frequentes, supostamente de epilepsia, mas cujo problema imediatamente ficou resolvido assim que obteve o divórcio do marido ...
No entanto, a situação mais curiosa de que tive conhecimento foi a de um rapaz que sofria ao mesmo tempo de epilepsia e sonambulismo. A mãe contava que durante a noite, por vezes, o filho levantava-se e ia para a rua, a dormir. Como não podia deixar a chave na porta, a mãe escondia-a para que o filho não a pudesse usar. Ora, estranhamente, por mais locais em que a mãe tentasse ocultar a chave, o filho acabava sempre por descobrir. Até que, por fim, ela decidiu guardar a chave dentro de uma gaveta com fechadura. É então que, uma noite, acordou com o barulho do filho na sala. Levantou-se e encontrou o rapaz com os olhos fechados a apontar para a gaveta onde ela escondera a chave, ao mesmo tempo que dizia: "Está ali, está ali" ...
6.6.06
E como hoje é um dia especial ...

São Jerónimo - Quadro de Albrecht Durer
Não podia deixar passar em branco esta data tão ... simbólica, principalmente para a nossa Comunicação Social ... Vai daí, resolvi publicar não uma, mas DUAS profecias! Nostradamus e o Apocalipse de São João!
Centvrie VIII - .70
Il entrera vilain, meschant infame,
Tyrannisant la Mesopotamie,
Tous amis faict d'adulterine dame,
Terre horrible noir de phisonomie.
Ele entrará vilão, malvado infame,
Tiranizando a Mesopotâmia
Todos amigos feitos de adulterina dama,
Terra horrível negra de fisionomia
Seria este o Anticristo anunciado pelo Apocalipse?
(Pergunta que aparece no livro "As profecias de Nostradamus" - Publicações Europa-América 1994)
Pelos caminhos de Deus
Respondi pela negativa.
- Lúcifer diz: "Mais vale reinar no inferno do que servir no Céu ..." Penso que há duas razões para explicar por que é que a batalha final se desenrolará no Médio Oriente ... A primeira encontra-se nesta frase de Lúcifer. Sabemos que a segunda Besta, aquela que reinará na China, será o retrato da primeira, Adolf Hitler. Como ele, ela encharcar-se-á do sangue dos homens ... Como ele, ela perseguirá a mesma ambição: governar o planeta. Como ele, ela lançar-se-á na política cega da terra queimada. Como ele, ela exclamará no meio dos escombros, mas falando da China: "O exército traiu-me! Os meus generais não servem para nada. Ninguém obedece às minhas ordens. Está tudo terminado. O país está perdido, mas ele não estava completamente preparado ou não era bastante forte para a missão que eu lhe confiei. Já que a guerra está perdida, também o povo o estará. É inútil preocuparmo-nos com o que é que ele vai fazer para sobreviver. Pelo contrário, é melhor destruirmos tudo isto. Porque o nosso país demonstrou ser o mais fraco. Aliás, só sobreviveram os medíocres" Este discurso, será certamente proferido pela Besta, mas com uma diferença: ao contrário do seu predecessor, ela terá vencido Magog, ou o que restar dele, e Magog será forçado a obedecer-lhe e a seguir os seus passos até ao local onde se desenrolará a sua última batalha: em Armagedão. Contrariamente ao que pensámos, eles não serão cúmplices, mas um dominará o outro e obriga-lo-á a segui-lo nas chamas do último braseiro. Como o precisa o versículo de João: "Mas longe de se arrependerem das suas acções, os homens blasfemaram o Deus do céu sob o efeito das dores e das chagas".
Perturbado, perguntei:
- Volto a insistir: porquê o Médio Oriente?
- Por duas razões. Um louco não permitirá que subsista um último reduto preservado. Mesmo que os dias desse reduto estejam contados. Ele irá até ao fim da sua loucura. Até ao limite extremo. "Mais vale reinar no inferno do que servir no Céu ..." A segunda razão é de ordem puramente estratégica. Ao fim daquela hora diabólica, teremos voltado praticamente à Idade da Pedra. E o único lugar do mundo onde subsistirá ainda uma grama de energia, a mais antiga, será no Médio Oriente: o petróleo. Para o obter, a Besta estará pronta a tudo. E esse tudo consistirá em devastar - mas desta vez com o apoio de armas convencionais - as cidades que ficaram de pé."
As profecias do Apocalipse - Gerard Bodson
5.6.06
Estranhas coincidências
31.5.06
Suddenly last Summer

Summer Interior - Edward Hopper
It happened one summer
It happened one time
It happened forever
For a short time
A place for a moment
An end to dream
Forever I loved you
Forever it seemed
One summer never ends
One summer never began
It keeps me standing still
It takes all my will
And then suddenly
Last summer
Sometimes I never leave
But sometimes I would
Sometimes I stay too long
Sometimes I would
Sometimes it frightens me
Sometimes it would
Sometimes I'm all alone
And wish that I could
One summer never ends
One summer never begins
It keeps me standing still
It takes all my will
And then suddenly
Last summer
And then suddenly
Last summer
One summer never ends
One summer never begins
It keeps me standing still
It takes all my will
And then suddenly
Last summer
And then suddenly
Last summer
Until suddenly
Last Summer
And then suddenly
Last summer
Until suddenly
Last Summer
The Motels
26.5.06
Pero que las hay, las hay (parte II)

Henry Fuseli - As três bruxas de Macbeth
"Quando o sol raiasse, as bruxas perdiam os poderes, pelo que deveriam regressar a casa antes de nascer o novo dia. Conta-se que, um dia, a altas horas da noite, um homem regressava a casa quando encontrou as bruxas pelo caminho, que correram em sua perseguição. O homem, aflito, fugiu para uma barraca e escondeu-se debaixo dos sacos e alfaias que aí se encontravam.
As bruxas, apercebendo-se que a alvorada não tardava, afadigavam-se em retirar os utensílios com que o homem se tinha protegido. Estavam quase a conseguir o seu intento quando um galo cantou. No céu, divisava-se já os tons claros do alvorecer. Fugindo alvoroçadas, ainda tiveram tempo de ameaçar o pobre homem: "Ah, cão, que se não cantam tão depressa os galos, havíamos de matar-te aqui." (Julio António Borges, ob.cit.)
Para "quebrar o fado" a uma bruxa era preciso que um parente descobrisse o local por onde elas passavam, acompanhadas pelo mafarrico. Descoberto o sítio, desenhava um "sanselimão" no chão e colocava-se dentro dele, empunhando uma corda com um aço na ponta. Quando elas passassem, enlaçava a que era sua parente e puxava-a para junto de si. Como as companheiras e o diabo evitavam aproximar-se daquele símbolo, ela ficava liberta do seu fado.
Ao aproximar-se a hora da morte, a bruxa tinha que legar os seus "novelos" a alguém, deixando-a herdeira dos seus malefícios. Clamava em altos brados, esperando que alguém a ouvisse. Se alguma mulher incauta acorresse ao chamamento, a bruxa agarrava-se-lhe às mãos e transferia-lhe os seus poderes. Perto de Santo André, ao chegar à estrada que conduz à capela, há uma via a que o povo chamava o "caminho das bruxas". Contam-se vários casos de pessoas que assistiram a estranhas procissões. Naturalmente que o susto as impediu de descobrir que as bruxas não eram mais do que simples romeiros a cumprirem as suas devoções em volta da capela.
Gomes de Amorim, no seu livro "As duas Fiandeiras", ao falar de Aver-o-Mar, freguesia de onde era natural, fala-nos desta crença popular: "Nada mais pitoresco e alegre do que esta povoação. De todos os lados se avista a fita azulada das águas do Oceano. As casinhas, pela maior parte caiadas e asseadíssimas dão-lhe uma festiva aparência. Não há habitação que não tenha um quintalzinho com horta e simulacro de jardim, onde nunca faltam as rosas, os cravos, o alecrim, os goivos e dois pés de losna ou de arruda, para afugentar as bruxas".
Paisagem Poveira - Julio António Borges
Nota: Sanselimão = Signo de Salomão
23.5.06
Pero que las hay, las hay ...

Quadro de Henry Fuseli
Recebi, há tempos, um livro intitulado "Paisagem Poveira" , de Julio Antonio Borges, do qual retirei este pequeno excerto sobre bruxas poveiras:
"A bruxa era uma mulher poderosa. Vagueando pelos lugares escuros e desertos, praticava o mal. O Pe. Manuel Amorim refere: "havia em Navais uma pedra Redonda, idêntica a outra que havia em Terroso e para onde, segundo a lenda, as bruxas levavam os rapazes, apanhados a desoras nas cruzes dos caminhos, para essa pedra e aí os perdiam".
Franquelim Neiva Soares escreveu: "Fonte do Crasto em Navais (...) esta fonte deu de beber à povoação durante muitos séculos e lá se provia o abade com a água necessária ao culto divino. O povo atribuía-lhe virtudes mágicas e as bruxas iam lá pentear-se".
Na classe piscatória, as bruxas eram encaradas como umas pobres velhinhas. Em forma de vento, percorriam grandes distâncias para cumprirem a triste sina. Quando algum mal os "tolhia", recorriam às bruxas de outras localidades, na mira de obterem cura para a sua doença. A bruxa iniciava as suas actividades como feiticeira, ascendendo de categoria depois de ter feito um pacto com o diabo, prometendo espalhar o mal pelo mundo. Eram-lhe concedidos alguns poderes sobrenaturais e distribuído um pandeiro e um novelo de pêlo de bode.
Dizia-se que as bruxas deviam a sua condição ao facto de, no baptismo, os padrinhos não terem rezado correctamente o Credo. À semelhança dos lobisomens, tinham o poder de se transformarem em animais, reunindo-se à noite, em certas encruzilhadas, dançando à volta de uma fogueira. Os rios e silvados eram outros locais preferidos por elas para os seus encontros. Quando queriam chamar o demónio, dirigiam-se a uma encruzilhada e, batendo palmas, chamavam por ele três vezes.
As pessoas evitavam passar nos cruzamentos, a horas mortas da noite, porque as bruxas podiam aparecer e convidá-las para os seus folguedos. Os homens tinham uma maneira simples de se libertarem dessa tentação, pois bastava-lhes colocar a fralda da camisa de fora para as atormentar. Contorcendo-se à sua volta, suplicavam-lhe que metesse a camisa dentro das calças. As bruxas mais eruditas seguiam as instruções do livro de S. Cipriano para elaborarem os malefícios, deitarem as cartas para adivinharem o futuro ou interferirem na vida das pessoas.
Para descobrir se uma mulher era bruxa, bastava deitar um grão de milho vermelho na pia da água benta. A última mulher que saísse do templo era bruxa. Outra versão diz que a bruxa não conseguia sair do templo enquanto não fosse retirado o grão do milho. Ela procuraria vingar-se daquela que tivera a ousadia de a provocar.
Em 1635, o Visitador registou no "Livro das Visitações" de Navais: "Outrossim admoestarei os seus fregueses que quando se acharem doentes ou indispostos que recorram em primeiro lugar aos sacramentos da Santa Madre Igreja para que com a saúde da alma alcancem juntamente a do corpo e em segundo lugar poderão recorrer aos médicos e cirurgiões, e não a outras pessoas por cujo meio o Diabo trata de as tirar do caminho da salvação".
(...)
Quando um "inocente" morria sem causa aparente, alguém mais entendido nessas coisas, encarregava-se de descobrir se, no corpo da criança, havia algum ponto vermelho que tivesse sido provocado pela ferradela de uma bruxa. Para evitar estas visitas, untavam as fechaduras das portas com azeite ou ferviam as roupas da criança, incluindo a primeira camisa que vestira. Alguns faziam um defumadouro e, percorrendo os cantos da casa, diziam:
Pé com pé
Freio na boca,
Triste com triste,
São Pedro, São Paulo e São João Baptista
Neste caso assista."
(continua)
9.5.06
A despedida

Alan Lee - Farewell on the edge of Mirkwood
Não sei o que me deu naquele dia para não ter chorado como das outras vezes. Talvez fosse da íntima certeza que eu tinha de que ele fora um homem bom e que, por isso, onde quer que se encontrasse, ele estaria bem. Não sou do tipo que costuma fazer das pessoas mortas umas santas, se há um defeito que carrego comigo desde que me conheço como gente é o de criticar constantemente tudo e todos. Mas ele havia falecido e, apesar de não chorar, também eu sentia uma espécie de vazio no peito. A sua morte tivera o condão de reunir todos os irmãos que se encontravam distantes, uma vez mais. De repente, déramo-nos conta de que as nossas reuniões daqui para a frente iriam ser mais soturnas. Longe tinham ficado os tempos das festas de casamentos e baptizados, onde a morte não marcava presença. Fora ele que encontrara a moeda enterrada no pomar há quase sessenta anos, a moeda transformada em medalha e da qual já ninguém sabia o paradeiro. Um desleixo deixarem perder assim as coisas antigas.
Sê honesta. Não achas estranho aquilo que estás a ver? Nem em sonhos pensaste numa coisa daquelas, pois não? Observa como Deus continua a brincar contigo.
Não liguei aos demónios que tentavam a todo o custo me atormentar com a novidade. Mas eles estavam certos. Aquilo que eu estava a ver só podia ser uma brincadeira ...
Tentei abstrair-me desses pensamentos e só então me lembrei dos livros. Fora o acaso ou a sorte que nos tinham guiado até eles e como não havia mais ninguém com tempo e vocação para as coisas antigas, ele ficara incumbido de os guardar. Mas agora estava morto e mais ninguém parecia querer aquela ocupação. De todos os irmãos, ele fora o único que se preocupara em conservar alguma coisa e se a medalha estava definitivamente perdida, os livros não haveriam de conhecer o mesmo fim. Alguém teria de cuidar deles. Mas quem?
5.5.06
3.5.06
O prisioneiro da torre

Ah, é agora, é agora ... Sim, acordou alguém ... Há gente que acorda ... Quando entrar alguém tudo isto acabará ... Até lá, façamos por crer que todo este horror foi um longo sono que fomos dormindo ... É dia já ... Vai acabar tudo ... E de tudo isto fica, minha irmã, que só vós sois feliz, porque acreditais no sonho ... - O Marinheiro - Fernando Pessoa
A notícia apanhara-nos a todos desprevenidos, como é natural quando a tragédia acontece. Não era um homem muito velho, mas ter 65 anos implicava um cuidado prévio que parece não ter havido naquele caso. Não há explicação para o sucedido. A trombose fora fulminante e deixara-o paralisado numa cama. Dois terços das comunicações para o cérebro haviam sido cortadas, mas ele continuava vivo, a piscar constantemente os olhos, a querer comunicar connosco através da única parte do corpo que ainda obedecia ao seu comando. Pela primeira vez na vida, experimentava o inferno de estar consciente e não conseguir mexer os lábios para falar. Não fosse isto suficientemente trágico, ainda tinha de suportar a angústia de ver e ouvir pessoas à sua volta a falar dele como se já estivesse morto.
- Não há mais nada a fazer, sr. doutor? Não podemos contar com um milagre? - perguntara a filha.
- Um milagre não, mas talvez uma surpresa.
Os médicos não acreditavam em milagres, mas como o cérebro ainda era uma incógnita em muitos aspectos, nunca sabiam muito bem com o que contar.
- Podemos, ao menos, transferi-lo para mais perto de casa?
- Para morrer, tanto faz estar aqui como em casa. - ladrara o estúpido do médico.
Não havia mais nada que a medicina pudesse fazer. Ele continuava deitado ali, mudo e paralisado, lutando consigo próprio para conseguir mexer um músculo. Até que, por fim, o cansaço venceu-o naquela luta inglória e ele adormeceu. No dia seguinte, já não abriria os olhos, nem os piscaria desalmadamente. O seu corpo apiedara-se dele e mandara-o para uma viagem ao mundo dos sonhos. Lá, ele poderia voltar a ser livre e escapar ao tormento de ser prisioneiro do próprio corpo. Era uma viagem a um local incerto. Era uma viagem ao coma profundo. Se ao menos conseguíssemos comunicar com ele ...
* Dedicado ao paciente em coma profundo desde 26 de Abril.
26.4.06
Absinto
- Qual é a palavra? perguntou Jean-Pierre.
- A única palavra que está entre aspas: "Absinto".
Eu retorqui:
- À primeira vista, absinto não reflecte nada de particular. Todos os médicos da Antiguidade prescreviam o absinto contra as indicações que a experimentação moderna confirmará em boa parte. Foi a "Erva Santa" dos empiristas medievais, e entrava num grande número de drogas que os boticários, até ao século XVIII, apresentavam como remédios milagrosos. A partir do século XIX entrou na composição do licor aperitivo com o mesmo nome. A sua voga era tal que foi chamada "a fada verde".
Jean-Pierre aprovou, mas julgou conveniente completar a minha explicação:
- Esse é o aspecto positivo. Mas inversamente, o absinto contém, entre outros componentes, um álcool muito tóxico: o tuiol. Esta substância é um terrível veneno no sistema nervoso, capaz de provocar crises epiletiformes no homem. Aliás, o absinto dos cafés do tempo de Zola ou Baudelaire, que associava a essência de anis, era um verdadeiro cocktail de venenos responsável por grande número de "delirium tremens". O que explica que, a partir de 1915, o absinto tenha sido retirado do mercado.
Dimitri, que durante a nossa troca de palavras se tinha mantido em silêncio, deixou cair bruscamente:
- Tchernobyl ...
Julgámos ter ouvido mal.
- Que estás tu a dizer?
- Repetiu calmamente:
- Tchernobyl ... "Absinto" em ucraniano diz-se Tchernobyl ... Podem verificar.
- Estás a brincar! exclamou David.
- Volto a repetir: peguem num dicionário ucraniano-francês, ou ucraniano e outra língua qualquer, e achareis a informação. Não a inventei.
Nadávamos em pleno delírio ...
Eu retomei:
- Então o versículo de João faria alusão ao nuclear?
- Relê-o: Caiu sobre o terço dos rios e sobre as fontes; o astro chama-se "Absinto": o terço das águas transformou-se em absinto, e muitas pessoas morreram dessas águas tornadas amargas.
Houve um longo silêncio. Já não sabíamos muito bem onde é que estávamos. Levantei e peguei num livro intitulado "La Supplication". Abri-o na primeira página e li:
No dia 26 de Abril de 1986, à 1h23, uma série de explosões destruiu o reactor e a construção da quarta secção da central nuclear de Tchernobyl. Este acidente tornou-se na maior catástrofe tecnológica do século XX. "
As profecias do Apocalipse - Gérard Bodson
17.4.06
Pelos caminhos do acaso
Uma primeira paragem em Santa Maria da Feira, onde aproveitei para fotografar o castelo.
Devoti Fecere - 1612
Passagem por Arouca, onde encontrei esta capelinha com uma inscrição latina.
Detalhe do tecto no interior da capela.
Saída em direcção a São Pedro do Sul, via ... Portal do Inferno ...
12.4.06
10.4.06
A primavera chegou
Sim, a primavera. Eu devia ter uns sete anos, estava na escola e a professora cismara de fazer um ditado. Recordo-me de que o título era "A primavera chegou". Já nessa altura, eu era perfeccionista quanto baste e, como qualquer boa aluna faria, ao primeiro berro da professora, pus-me logo a escrever o título: "A prima Vera chegou". O miúdo que se sentava à minha frente, Fernando - o gordo, tinha adquirido, nos últimos tempos, o péssimo hábito de se virar para trás e criticar tudo aquilo que eu fazia, dizendo: "Tá errado, tá errado". E naquele dia, ele mantivera a tradição, voltando a dizer aquilo. O garoto irritava-me sinceramente porque eu sabia que ele tirava piores notas do que eu, mas resolvi seguir na minha e não contar nada à professora, como habitualmente fazia, aliás. Então, pacientemente, a professora ditou-nos, uma a uma, as frases do maravilhoso texto. E aquilo eram flores a nascer, pássaros a cantar, o sol a brilhar, os animais a correr e eu só pensava comigo: "Ora bolas! A prima Vera nunca mais chega!"
Na minha ingenuidade, eu não conseguia perceber patavina daquilo! "O que é que as flores, o sol e os pássaros têm a ver com a prima Vera e por que é que ela nunca mais chega?". Estava eu nestes pensamentos, quando a professora deu por terminado o ditado e começa a fazer a correcção no quadro. Bem, não foi preciso esperar muito. Começou logo no título. "O que é que a professora está a escrever?" - pensava eu - "Com certeza que se enganou na palavra!". E mais adiante: "Olha, voltou a enganar-se! Será que lhe devo dizer que está errado?". O problema é que ninguém na turma parecia discordar da correcção que ela fazia. Olhei à volta e reparei que todos estavam muito quietos, ninguém parecia reparar no erro. "Querem ver que eu sou a única que acertou?". Então, virei-me para trás e disse à Ana.
- Olha, a professora enganou-se na palavra. "Primavera" não é tudo junto.
- Não, está certo - disse a Ana. É primavera, verão, outono, inverno.
De súbito acordei. Tinha estado a viajar aquele tempo todo. Como é que eu não me apercebera de que a malfadada prima Vera não era uma pessoa? Fiquei-me por ali, encolhi-me no meu canto e limitei-me a corrigir o erro. Por aquele dia, já me bastara a vergonha de ter tido a presunção de pensar que sabia mais do que a professora ...
28.3.06
Morte às moscas!
- Não quero ver nem uma mosca da porta para dentro - dissera no mesmo tom com que lia uma ordem de serviço o capitão Napoleão Militão. - A dente, à unha, à moca, a tiro, com veneno, pela traição ou de cara, trucida-me nelas. Ouviste? Se não ouviste, eu repito: trinca, mata, afoga, esborracha, esfola, faz às moscas, em suma, o que te ditar a cachimónia, contanto que não voltem a sarabandear por cima da careca cá do velho. Percebeste? Tens carta branca para dares como Santiago nos moiros. Que alguma atravesse no ar destas salas a zumbir, poise, ferre o ferrão ou suje sobre mim, a senhora, os meninos, tu mataste, tu matas, tu matarás logo, se não ...
- Se não quê, meu capitão?
- "Gramas" oito dias de detenção.
Das muitas armas propostas, a que melhor e mais mortífera pareceu ao 27 foi a vassoura de piaçaba que, assentando de chapa sobre as moscas, a reduzia a grude. E assim equipado passava os dias com a bicheza.
Ora, certa tarde, hora de sesta, uma mosca, uma só mosca para cúmulo da desfaçatez, foi voando pela casa dentro, atravessou a sala de espera, meteu-se para a sala de jantar, descobriu maneira de enfiar para o quarto de dormir do capitão Napoleão Militão, que ressonava e tressuava acabrunhado pelo calor, e pelo bacalhau com batatas ao almoço.
Pedro fora-lhe no encalço. E ante o desavergonhadíssimo bicho pespegado na calva veneranda do seu capitão, perdeu as estribeiras. E erguendo a vassoira, pamba! Descarregou-lhe com tal gana que não só a mosca ficou pulverizada mas o dorminhoco despediu um urro que alarmou o regimento, aquartelado dali a mais de duzentos metros, e o fez sair para a parada de armas engatilhadas, supondo que se tratasse de revolução".
Aquilino Ribeiro - O Filho da Felícia ou A Inocência Recompensada
22.3.06
Jardins de Pedra
17.3.06
Malhas que o Império tece

Tricked out Youth - Werner Howarth
Na maca ali deitado
No rosto um esgar de dor
Nos braços um coto deixado
- um toco de cada lado –
no corpo os sinais do horror.
Era Ali que se chamava
Um muçulmano qualquer
Pelos pais ele chorava
- e sentido lamentava –
o continuar a viver.
Envolta em manto negro
Junto ao corpo estropiado
A mulher se compadece.
“Foram as bombas” – dizia ao lado
“Malhas que o Império Tece!”
Umas próteses lhe trariam
Para o ombro amputado,
Por um tempo hão-de caber.
(Só a morte não tem cura)
Que o rapaz há-de crescer.
Lá longe feita em pedaços
(Como em pedaços ficara a mãe)
A casa estranha lhe parece
Os olhos tristes e baços
das Malhas que o Império tece.
Mar Submerso
15.3.06
Mon ami Nostradamvs

"Cinq et quarante degrez ciel bruslera,
Feu aprocher de la grand'cité neuue,
Instant grand flamme esparse sautera,
Quand on voudra des Normans faire preuue."
Propheties de Nostradamvs - Centvrie VI .97.
Eu tenho aqui um livro publicado em Portugal em 1994, pelas Edições Europa-América, que comentou as profecias de Nostradamus da seguinte maneira.
"Quarenta e cinco graus o céu queimará,
Fogo aproximado da grande cidade nova,
Instante grande chama esparsa saltará
Quando se quiser dos Normandos fazer prova.
Trata-se evidentemente da exploração de uma bomba atómica sobre uma grande cidade (Hiroxima)."
Bom, sem entrar em grandes detalhes sobre esta quadra, visto que o próprio Canal de História já se deu ao trabalho de a ter estudado, queria apenas realçar que nem o livro em questão nem o Canal de História mencionaram o verso que faz referência aos Normandos. Ora, é aqui que está o busílis da questão! É que Normandia é França ...
Antigas leituras
Era de Nathaniel Atheling. Colin ficou deprimido quando a abriu, sentindo-se quase certo do que ela diria. O selo da loja estava gravado a ouro brilhante sobre a folha dobrada de pergaminho e, por baixo do selo, liam-se umas poucas palavras na caligrafia antiquada de Atheling.
Colin era convocado para Londres, para participar num encontro da Ordem Interna.
Aquelas reuniões só muito raramente aconteciam; a última ocorrera há mais de vinte anos. As Lojas trabalhavam discreta e independentemente, sem as lutas políticas internas ou as tentativas de criar impérios, características de algumas das Ordens Brancas mais públicas. O facto de o Chefe Visível da Ordem enviar convocatórias daquele tipo, significava que as coisas estavam de facto num estado muito grave. Não havia qualquer dúvida de que deveria partir imediatamente.
Colin agarrou no telefone e começou a discar um número. Dois dias mais tarde já estava em Londres e esquecera completamente a convocatória do director da Faculdade.
Encontraram-se num hotel antiquado e calmo, aninhado numa rua transversal em Picadilly. Tinham vindo de toda a Europa e do Extremo Oriente, aqueles homens e mulheres dispersos pelo Mundo que lhe eram mais próximos do que a sua família de sangue alguma vez o fora. Não vira muitos deles nos últimos vinte e cinco anos e outros, que esperara reencontrar, estavam tristemente ausentes. Havia cerca de vinte pessoas na sala, todos eles Mestres ou Adeptos esotéricos e detentores dos graus mais elevados - Mestre do Templo Interior ou Superior - e Colin sentiu-se perturbardo pelo facto de ser um dos mais novos. O número de membros decrescera lentamente ao longo dos anos. O mundo do após-guerra movia-se com demasiada rapidez - eram poucos aqueles que eram chamados para o Caminho, que exigia anos de estudo e dedicação em troca de recompensas pouco visíveis. Aqueles que procuravam esse tipo de experiência faziam-no mais provavelmente através dos alucinogénios que concediam, pelo menos, uma ilusão de poder. Mas era um poder sem controlo, sem visão e sem sabedoria; um caminho que só conduzia - na maioria das vezes - à confusão e ao desencanto."
O Coração de Avalon
10.3.06
...
8.3.06
The Flea
MARK but this flea, and mark in this,
How little that which thou deniest me is ;
It suck'd me first, and now sucks thee,
And in this flea our two bloods mingled be.
Thou know'st that this cannot be said
A sin, nor shame, nor loss of maidenhead ;
Yet this enjoys before it woo,
And pamper'd swells with one blood made of two ;
And this, alas ! is more than we would do.
O stay, three lives in one flea spare,
Where we almost, yea, more than married are.
This flea is you and I, and this
Our marriage bed, and marriage temple is.
Though parents grudge, and you, we're met,
And cloister'd in these living walls of jet.
Though use make you apt to kill me,
Let not to that self-murder added be,
And sacrilege, three sins in killing three.
Cruel and sudden, hast thou since
Purpled thy nail in blood of innocence?
Wherein could this flea guilty be,
Except in that drop which it suck'd from thee?
Yet thou triumph'st, and say'st that thou
Find'st not thyself nor me the weaker now.
'Tis true ; then learn how false fears be ;
Just so much honour, when thou yield'st to me,
Will waste, as this flea's death took life from thee.
John Donne
* Poeta Metafísico e Deão da Catedral de São Paulo.
Não sou grande apreciadora de poesia, mas devo confessar que simpatizei com os poetas metafísicos ingleses do século XVII. "The Flea" deve ser um dos mais famosos. É um poema de amor, embora gire à volta de uma pulga. Era típico dos metafísicos juntar ideias aparentemente díspares e dar-lhes um significado lógico, frequentemente acompanhado de um tom irónico e sarcástico. Como esta pulga em cujo corpo "three lives in one flea spare / Where we almost, yea, more than married are" ...
6.3.06
Por terras do Gerês

Nunca tinha ido ao Gerês. Mas há sempre uma primeira vez ...

É claro que, mais do que o rio e as cascatas, o que eu apreciei mesmo foram as casas abandonadas ...

Ou os hotéis ... Apontei a máquina na direcção das janelas, na esperança de poder vislumbrar um espectro. Mas nada ... Por que será que nunca retiram as cortinas dos edifícios abandonados?
1.3.06
Janelas

É verdade que gosto de fotografar janelas, principalmente as que têm um ar antigo, como esta, que encontrei num café no interior da alfândega do Porto.
28.1.06
First we take Manhattan
For trying to change the system from within
I’m coming now, I’m coming to reward them
First we take Manhattan, then we take Berlin
I’m guided by a signal in the heavens
I’m guided by this birthmark on my skin
I’m guided by the beauty of our weapons
First we take Manhattan, then we take Berlin
I’d really like to live beside you, baby
I love your body and your spirit and your clothes
But you see that line there moving through the station?
I told you, I told you, told you, I was one of those
Ah you loved me as a loser, but now you’re worried that I just might win
You know the way to stop me, but you don’t have the discipline
How many nights I prayed for this, to let my work begin
First we take Manhattan, then we take Berlin
I don’t like your fashion business mister
And I don’t like these drugs that keep you thin
I don’t like what happened to my sister
First we take Manhattan, then we take Berlin
I’d really like to live beside you, baby ...
And I thank you for those items that you sent me
The monkey and the plywood violin
I practiced every night, now I’m ready
First we take Manhattan, then we take Berlin
I am guided
Ah remember me, I used to live for music
Remember me, I brought your groceries in
Well it’s father’s day and everybody’s wounded
First we take Manhattan, then we take Berlin
Leonard Cohen
25.1.06
As prisões da Cia ou "El Condor pasa, mas a Águia fica"

Eagle Woman - Abel Leal
Tenho estado atenta, nos últimos dias, às notícias que nos dão conta da propagação da gripe das aves ao redor do mundo. Com efeito, a terrível gripe já se encontra às portas da Europa e, aparentemente, não há nada que o Homem possa fazer contra a migração das aves infectadas. Consta, inclusivé, que o temível vírus já espalhou o terror pela Turquia, ceifando a vida a vários elementos de uma mesma família e que a Europa de leste também já começa a deparar-se com os primeiros casos. Ora, pelos vistos, não são só as aves que andam a ameaçar aqueles países tão friorentos. Ultimamente, têm surgido notícias assinalando a existência, na Europa, de umas prisões de tortura ao melhor estilo da América Latina, de que Pinochet, por certo, muito se orgulharia, e as quais, curiosamente, já terão sido "deslocalizadas" para local incerto. Agora pergunto eu: "Que termo estranho para designar tão ímpio negócio, não é verdade? Mas também, por que o meu espanto se, hoje em dia, os negócios obscuros são precisamente os que dão maior lucro?"
Enfim, é certo que contra a Natureza nada podemos fazer para impedir o avanço das aves infectadas. A toda a acção, corresponde uma reacção, e a da Natureza certamente que não será branda. Mas quanto aos homenzinhos que gostam de tortura e teimam em dar largas aos seus instintos animalescos e primários, comportando-se como autênticos demónios prestes a fazer sofrer quem se lhes aparece pela frente, ocorre-me apenas lembrar uma frase: "No pasarán" ...
E já que falamos de aves ...
Águia Portuguesa
23.1.06
O lado positivo da coisa
Comemoração?!
20.1.06
Enjoy the Silence

Valentin Bazarov - Silence
Words like violence
Break the silence
Come crashing in
Into my little world
Painful to me
Pierce right through me
Can’t you understand
Oh my little girl
All I ever wanted
All I ever needed
Is here in my arms
Words are very unnecessary
They can only do harm
Vows are spoken
To be broken
Feelings are intense
Words are trivial
Pleasures remain
So does the pain
Words are meaningless
And forgettable
All I ever wanted
All I ever needed
Is here in my arms
Words are very unnecessary
They can only do harm
Enjoy the silence
Depeche Mode
Pensar à inglesa
19.1.06
De antigas leituras
- Sabem agora, tanto como eu, da ameaça que enfrentamos: a mesma ameaça de sempre, só que desta vez tão inteligentemente disfarçada que não sei se poderemos contar com alguma ajuda mundana. Convencer o mundo da realidade deste perigo poderia provocar tantos danos como os causados pelas Ordens das Trevas, se já não sabemos distinguir, em nenhum Governo, os amigos dos inimigos."
.......
.......
"Não posso indicar-lhes nenhum curso específico para a vossa acção, ou tentar dirigir as vossas verdadeiras vontades nesta questão, mas temos que concluir - disse Dame Ellen no seu modo seco e prático - que nem o Terceiro Reich nem a Sociedade Thule e as suas teorias de genocídio, superioridade rácica e evolução dirigida sofreram a derrota definitiva que chegámos a pensar terem sofrido. Embora os seus membros se tivessem dispersado, temos agora todas as razões para acreditar que as Ordens das Trevas estão quase tão fortes como eram antes da Segunda Guerra. Acreditamos que estão a proceder ao recrutamento e a uma reorganização mundial, embora sob uma variedade de disfarces.
Não prevemos que tudo isto conduza a uma guerra convencional num futuro próximo: temos que admitir que o nosso inimigo é suficientemente esperto para aprender com os erros cometidos no passado. Aqueles que me atrevi a consultar acreditam que, desta vez, os assaltos ao poder por parte das Ordens Negras assumirão a forma de subversão e de uma tentativa de, lentamente, moldarem os Governos das grandes potências à sua imagem ideológica."
O Coração de Avalon
18.1.06
Julho de 1900
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Para além de adquirir maior experiência técnica e de gestão na Turquia, Glauer iniciou um estudo sério do ocultismo. Já tinha despertado nele um interesse pela religião exótica quando viu a seita de dervixes dançantes dos Mevlevi e visitou a pirâmide de Queóps em Gizé, em Julho de 1900. O seu companheiro Ibrahim tinha-lhe falado no significado cosmológico e numerológico das pirâmides e despertava a curiosidade de Glauer sobre a gnose ocultista de antigas teocracias. Hussein Pasha, o seu rico e culto anfitrião, praticava uma forma de sufismo e discutia essas questões com Glauer. Em Bursa, travou conhecimento com a família Termudi, que eram judeus gregos de Salónica. O velho Termudi retirara-se dos negócios para se dedicar a um estudo da Cabala e recolher textos de alquimia e rosa-crucianos, enquanto o filho mais velho, Abraham, geria o banco da família em Bursa, e um irmão mais jovem dirigia uma filial em Salónica. Além dos negócios bancários, a família Termudi também negociava em bichos-da-seda e em seda em bruto. Os Termudi eram maçãos de uma loja que talvez tenha sido filiada do Rito Francês de Mênfis, que se tinha espalhado pelo Levante e pelo Médio Oriente. Glauer foi iniciado na loja pelo velho Termudi e subsequentemente herdou a sua biblioteca de ocultismo. Num desses livros, Glauer descobriu uma nota de Hussein Pasha a descrever os exercícios místicos dos alquimistas tradicionais islâmicos, ainda praticados pela seita de dervixes dos Baktashi. Quando Glauer voltou à Turquia em 1908, continuou a estudar o misticismo islâmico, que, em sua opinião, partilhava a mesma fonte ariana com as runas germânicas."
Raízes Ocultistas do Nazismo - Nicholas Goodrick-Clarke
14.1.06
O Bom Fiel ou "Mais vale uma peregrinação à lota do que duas a Fátima"
11.1.06
Planeta Água

Água que nasce na fonte serena do mundo
E que abre o profundo grotão
Água que faz inocente riacho e deságua
Na corrente do ribeirão
Águas escuras dos rios
Que levam a fertilidade ao sertão
Águas que banham aldeias
E matam a sede da população
Águas que caem das pedras
No véu das cascatas ronco de trovão
E depois dormem tranquilas
No leito dos lagos, no leito dos lagos
Água dos igarapés onde Iara mãe d'água
É misteriosa canção
Água que o sol evapora
pro céu vai embora
Virar nuvens de algodão
Gotas de água da chuva
Alegre arco-íris sobre a plantação
Gotas de água da chuva
Tão tristes são lágrimas na inundação
Águas que movem moinhos
São as mesmas águas
Que encharcam o chão
E sempre voltam humildes
Pro fundo da terra, pro fundo da terra
Terra planeta água... terra planeta água
Terra planeta água.
Planeta Água - Guilherme Arantes
6.1.06
As Cartas do Tarot
Continuando ...
Raízes Ocultistas do Nazismo - Nicholas Goodrick-Clarke
5.1.06
And the show goes on ...
A jovem opinou:
- E no caso presente?
- É simples. O mal torna-se no bem e o bem no mal. A verdade torna-se mentira e a mentira verdade. Gog que representava o salvador da Europa (a América) no decorrer da Segunda Guerra, será no próximo conflito o símbolo do príncipe da mentira.
Myriam deu um salto.
- Queres dizer que em 2043 os Estados Unidos ter-se-ão tornado fascistas? Tu não ...
Cortei cerce os seus protestos:
- Nada disso! Vocês não compreenderam. Eu disse simplesmente que a nação belicosa, que desencadeará as próximas hostilidades, terá Gog por imagem. E, inversamente, os países que se levantarão contra ela, serão Magog."
As Profecias do Apocalipse - Gérard Bodson