25.8.06

Reunião



Eu devia ter trazido a máquina fotográfica, mas por algum motivo que me escapa, esqueci-me completamente desse pormenor naquele dia. Nem sequer a papelada que juntara ao longo dos anos - fruto de horas de trabalho a escarafunchar livros antigos - eu me lembrara de trazer para a reunião. A data era importante. Iam estar pessoas mais velhas que conheciam pormenores da história familiar de que mais ninguém parecia recordar-se. Um deles era padre. Também ele, por um qualquer desígnio misterioso, ouvira falar da casa e ambicionara conhecê-la pessoalmente. A ocasião, no entanto, não podia ter sido pior. Ele chegara em pleno funeral de um parente distante, que só conheceria depois de morto. Mas a presença daquele padre ali, durante o funeral, surgido não se sabe bem de onde e reclamando laços familiares com o falecido, assumia aos olhos da família enlutada uma mensagem divina de esperança e fé num dos momentos mais sombrios da existência humana. E então marcou-se a reunião.

A bem dizer, eu não contava com grandes novidades da parte de nenhuma das pessoas que estavam ali. A maioria delas nunca se interessara muito pelo assunto e, para ser sincera, julguei até que quem iria gastar o latim todo naquela reunião era eu. Mas quando o convidado chegou e dirigiu-se para a eira, formou-se logo ali, à volta dele, uma rodinha e eu fiquei em segundo plano. E ele não perderia tempo a tentar lembrar-se daquilo que o avô lhe contara há muitas décadas atrás. Sim, foi ali na eira. Um crime ou um fuzilamento? A ideias baralhavam-se na sua cabeça.

- E sabe há quanto tempo foi? - alguém lhe perguntara.
- E foi aqui ou foi na casa? - perguntou outro.

Não sabia dizer quando. A história parecia ter corrido de geração em geração, porém, inexplicavelmente, ninguém do nosso lado tivera conhecimento dela. Mas que tinha sido na eira, isso estava fora de questão. Lembrava-se de um grupo. Seriam soldados? Várias tentativas e ninguém parecia acertar no alvo. Má pontaria ou má vontade dos atiradores? Era impossível determinar. Até que, por fim, alguém pôs um lençol no condenado e ouviu-se o tiro de misericórdia. Era tudo de que se lembrava. Lamentava-se não ter tentado saber mais quando ainda estavam vivos. "Ora essa. Porque haveria de pedir desculpas?", pensei eu.
A reunião continuou, mas já dentro de portas, com os comes e bebes do costume. Fui buscar a papelada. Era evidente que algo estava a faltar no meu trabalho. Se houve um crime ou fuzilamento, haveria que apurar as razões e as consequências do dito. Destrinçar onde começava a realidade e terminava o mito. Era evidente que tinha de partir para os arquivos novamente.

22.8.06

Évora


Templo de Diana

Estava a tirar umas fotos do Templo de Diana a partir de ângulos diferentes quando reparei numa construção que sobressaia mesmo ao lado.



Era de uma igreja, mas o que me chamou a atenção não foi a igreja em si, mas a imagem da pomba que aparece no alto da parede exterior. A pomba é o símbolo do Espírito Santo e não é muito comum aparecer na entrada das igrejas católicas, por isso mesmo fiquei ainda mais curiosa em saber o nome do templo. Afinal, trata-se da Igreja de São João Evangelista que é, nada mais nada menos, que o autor do Livro do Apocalipse ... O mesmo São João Evangelista que, segundo o famoso romancista Dan Brown, é retratado como uma figura feminina no quadro de Leonardo Da Vinci... Pena é que, para visitar a igreja, uma pessoa tenha de desembolsar 3,00 Euros! Ficou para uma próxima oportunidade tanto esta visita como uma ida à Basílica, que custa outros 3,00 Euros. Em 2000, não se pagava nada para entrar, mas como Portugal está de tanga, todo o dinheirinho que possa entrar nos cofres do Estado dá muito jeito, não é verdade? Mesmo que, para isso, se percam alguns turistas menos afortunados pelo Destino.

21.8.06

Crazy


Jornada Metafísica do Navegante da Mente - Joseph Cusimano

I remember when, I remember, I remember when I lost my mind
There was something so pleasant about that phase.
Even your emotions had an echo
In so much space

And when you're out there
Without care,
Yeah, I was out of touch
But it wasn't because I didn't know enough
I just knew too much

Does that make me crazy ?
Does that make me crazy ?
Does that make me crazy ?
Possibly

And I hope that you are having the time of your life
But think twice, that's my only advice
Come on now, who do you, who do you, who do you, who do you think you are,
Ha, ha, ha, bless your soul
You really think you're in control

Well, I think you're crazy
I think you're crazy
I think you're crazy
Just like me

My heroes had the heart to lose their lives out on a limb
And all I remember is thinking "I want to be like them"
Ever since I was little, ever since I was little it looked like fun
And it's no coincidence I've come
And I can die when I'm done

Maybe I'm crazy
Maybe you're crazy
Maybe we're crazy
Probably


Gnarls Barkley