11.4.07

Confluência (para Sara)

Passou de carro em frente à loja e hesitou se devia parar ou continuar o caminho. Não havia muito tempo que lá estivera e, fazendo jus à sua sensibilidade, perguntava-se se não estaria a incomodar demasiadamente aquela pessoa que lhe tinha dado ouvidos uma e outra vez, desde aquela primeira noite em que se sentara no café do auditório e contara parte da sua vida a uma estranha. Decidiu parar. Intimamente, algo lhe dizia que podia confiar naquela mulher, por mais auto-censuras que a sua mente ou os seus temores lhe impusessem. A mulher da loja estava só. Nos últimos tempos, também ela pensara naquela quase desconhecida que, certa noite, lhe segredara parte das suas angústias. Simpatizara com ela desde então, talvez por terem um percurso de vida muito semelhante. Mas ao contrário da outra, a mulher da loja estava de bem consigo própria ...